Story - visita a Lisboa

Topic: Short story in Portuguese for advanced learners

Olá everybody!

This advanced episode is a short story about a visit to Lisbon.

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Portuguese Lab Podcast - European Portuguese - 25 - Viagem a Lisboa - short story.png
 

Texto

Ele decidiu ir visitar Lisboa. Procurou na internet e descobriu um voo que saia da sua cidade na semana seguinte de noite. Reservou o bilhete só de ida. Tinha 20 dias de férias para tirar, logo não era urgente reservar o voo de regresso.

Não conhecia ninguém que já tivesse visitado a cidade, por isso, se não gostasse voltava mais cedo.

Na mala, que arrumou alguns dias antes de apanhar o avião, guardou roupa quente e fresca, porque também não sabia como é que ia estar o tempo. Nem um guia comprou! Ia ser uma viagem à descoberta.

No dia da chegada a Lisboa apanhou um taxi no aeroporto para o centro da cidade. O taxista ia a ouvir rádio. “É fado”, disse ele. Ele, embora sem compreender uma palavra de português, pareceu-lhe ouvir um tom melancólico na música e limitou-se a sorrir ao taxista pelo espelho retrovisor.

Tinha escolhido um hotel também pela internet e foi perto dele que o táxi o largou. Como o percurso do aeroporto até ao hotel tinha sido feito de noite não tinha conseguido ver muito da cidade, apenas algumas ruas estreitas iluminadas por candeeiros de rua.

No dia seguinte decidiu sair a pé e caminhar pela cidade. Subiu e desceu as sete colinas de Lisboa, sentou-se nos miradouros e apreciou a vista sobre os telhados vermelhos que se estendem até ao rio.

Por várias vezes fechou os olhos e ficou a ouvir o som da vida à sua volta, os moradores dos bairros antigos e o riso das crianças envolvido em línguas estrangeiras espalhadas no ar por turistas.

Deixou a luz especial que envolve a cidade aquecer-lhe o rosto e seguiu com o olhar algumas gaivotas que, por momentos, se afastaram do mar.

Percorreu ruas e praças de calçada portuguesa, os seus desenhos contrastados a guiá-lo, como as ondas do mar.

Entrou num café e, sem dizer uma palavra, foi-lhe colocado à frente um café numa pequena chávena. Ui! Quente e forte. Definitivamente aquilo que ele estava a precisar.

Agora, com mais energia, podia subir até ao castelo. As ruas que o circundam são como as ruas labirínticas de uma medina árabe e por diversas vezes teve de voltar para trás e começar de novo.

Numa janela, perto de uma fonte, uma velha emoldurada por dois gatos ao sol esticou o seu dedo enrugado e apontou-lhe para umas escadas escondidas que o levariam de novo ao caminho certo.

Já sob o céu vermelho do entardecer entrou numa livraria com o ano de 1732 afixado na entrada. Foi de sala em sala, como numa gruta, e parou na zona de guias sobre a cidade. Quase que pegava num, mas uma voz deteve-o.

— Precisa de ajuda? — Uma rapariga morena no fundo da sala empilhava livros numa mesa. Ele gesticulou que não compreendia. Ela aproximou-se e estendeu-lhe um livro.

— Leve este. É um bom guia da cidade. — disse ela em inglês. — Quanto tempo vai ficar em Lisboa?

— Não tenho data de regresso. — respondeu ele.

— Então — continuou ela —, este livro aqui é melhor. É para aprender português.

Ele sorriu-lhe e levou o livro.

No dia seguinte voltou à livraria mais antiga do mundo. Ainda não reservou a viagem de volta. Já passaram dois meses.

 

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